Brisas, Ventos e Tempestades nos Controles da Poluição

Artigo originalmente publicado no Jornal "Folha de São Paulo", caderno Folha Sudeste, de 30 de julho de 1992.
 

Poluição e resíduos tornaram-se bastante democráticos. O desvario consumista deverá não sustentar-se, seja pelas consequências de seus produtos, insumos e resíduos, seja pelo esgotamento de fontes naturais.

Há que se ter ciência de que está sendo brutal a quantidade de materiais reaproveitáeis que se espalha ou se aterram, de escórias que em geral se produz, afetando o ar, as águas, o solo e demais entidades viventes.

Pelas paragens do Terceiro Mundo a degradação social e ambiental agride de tal forma que a cada dia se sentirá mais claramente a necessidade de mudanças fundamentais em determinados rumos a seguir, sob pena de intensificarem-se sofrimentos. Fora das Américas e outros por aqui já perceberam claramente isto.

Em algumas geopolíticas a emissão de poluentes traz evidente agressão à saúde, onde os afetados são não mais somente os pobres e miseráveis - em que pese muitos serem contemplados com sofrimentos de determinadas pestes cotidianas.

É realmente de impressionar vivência de situação como em Santiago (Chile) quando, há poucas semanas, o governo empreendeu medidas visando à diminuição de poluentes atmosféricos: 60% da frota de quaisquer veículos impedidos de circular, 70 indústrias de transformação tendo que interromper atividades, escolares não tendo aula por dias subsequentes, políticas que acabam por "custar caro" para o processo de desenvolvimento.

Chama a atenção a correlação direta entre a densidade de "smog" e a ocorrência de doenças respiratórias. Conviver-se com a angústia da presença insistente de ares negros, que a todos se dá a respirar, fazendo-se sentir a necessidade de solução para o problema que se agrava.

Reluzentes modelos com catalisadores circulando ao lado de inúmeras jardineiras fumacentas a carregarem multidões; voluptosas unidades fabris demonstrando pujança ao implantar sua destinação.

Quando a configuração climática ou geográfica de um grnade centro urbano dificulta dispersões do ar contaminado, fica-se à espera de brisas, ventos ou tempestades, que possam vir a "limpar" os tenebrosos resíduos.

Neste particular Campinas tem alguma sorte: venta bastante.

A produção de resíduos do cotidiano nem sempre tem sido evidente; tem tido vez por outra que "produzir" casos como Cubatão, Goiânia, ou inúmeros outros, para a mobilização de processos políticos e econômicos. A sofreguidão pragmática e noticialiesca parece induzir a se circuncrever anúncios de epidemias e catástrofes ao momento em que se divulgam suas instantaneidades.

Resíduos vêm aumentando de fato. Difícil por exemplo quando ainda escombros dos espetaculares artefatos espaciais que começam a se espatifar acabam "esquecidos" porque se destinam ao invisível aparente, a um suposto infinito potencial inesgotável de receber, sem danos, tais agressões.

Equivalente ao que se fantasia para a Terra. Muitos por aqui ainda despejam seus desperdícios e rejeitos de forma a não serem mais alcançados pelo seus próprios raios de visão. Pode ocorrer de voltarem, caindo por sobre nossas cabeças!